Dei por mim a vaguear por locais em que me encontro
nos tempos em que me perco.


Por estes dias levei a minha voz e outras mais aonde houvesse quem ouvisse.


Nalguns lugares encontrei muros tão feitos de pedras e outros só de palavras, que só palavras derrubam.
E os olhos olham, frontais, esperando um “nunca mais” que nunca mais acontece.
Ainda assim, amanhece cada dia outra vez. E o dia corre demais, sem esperar outros dias.

Soube-me bem ter-vos tido por cá, durante a minha ausência. A casa não esteve abandonada.


Poesias à parte – ou talvez não… melhor, seguramente, não! – dei por mim a embasbacar perante os vencimentos de administradores cá do burgo, publicados no último Diário Económico, em que se apura que há por aí personagens da ópera bufa em que se foi fazendo este país a auferirem mais de 10.000 contos por mês, fora as demais prebendas, conforme vencimentos auto-definidos e que ninguém controla. E isso não seria grande mal, se se lhes apurássemos obra feita. Mas não. Nada de nada vezes nada! Uma fugaz e reles passagem por alguma empresa mais a jeito… e ei-los de casa posta, mamando na pródiga teta da impunidade, neste país de tantos desabrigados e tão poucos desobrigados!


Depois, um anúncio obsceno, fez-me pensar na máxima d’A Funda São, segundo a qual “nem tudo o que nos fode é erótico” mas que a ética não deve ser um mero quadro sem moldura…


Dei por mim a vaguear por locais em que me encontro

nos tempos em que me perco.