Por vezes de uma pedra nasce um sonho
Que se enforma como bilros entre as mãos
E é assim tão só por vezes um abandono
De nos sabermos só raízes deste chão

Sendo a vida cada folha que de nós
Se soltando cai na terra e se faz húmus
Essa terra em que somos tão diversos
Que a corrente desta vida faz ser unos

Tão diversa e adversa a vida toda
Tão dispersos que andamos desta vida
Que sentindo estar pulsante à nossa roda
Não colhemos dessa unidade a guarida

Mas vivemos e crescemos e gritamos
E sonhamos urdiduras de outro sonho
Que será de pedra feito pois sabemos
Que por vezes de uma pedra nasce um sonho.

– Jorge Castro