Eu voto sempre! Desiludido, desenganado (ou enganado), esperançoso ou desanimado, indignado ou raivoso, eu voto sempre.
Que é que querem?… Cada um é como cada qual e já me pronunciei bastas vezes sobre o assunto, para estar agora a moer a paciência dos meus estimados visitantes.
Já lá dizia o Ary, “poeta castrado, não!”… E o homem também se referia a este grito de estar presente que, sendo pouco, é um dos que temos.
Mas não era de nada disto que eu queria falar.
Canso-me de ouvir políticos analistas e analistas políticos a perorarem que “vêm aí tempos de grandes dificuldades e os portugueses têm de se habituar a tal ideia”.
Nada que a mim me revele mais da hipocrisia e/ou desconhecimento da realidade do palestrante ou plumitivo do que ouvi-lo dizer tal coisa.
De que portugueses falarão eles?
É que uma parte MUITO substancial dos portugueses não “terão de se habituar” a tal ideia, não.
Já estão é “marrecos” de estar habituados à ideia e a concelebrada crise vive e dorme com eles há muito tempo. Em casa de muitos se não come à mesma mesa é por já não haver dinheiro para alimentar mais uma boca, que a crise é bicho de muito alimento!…
Mesmo assim ou, talvez, por isso mesmo, eu voto sempre!