Olha, pronto, hoje deu-me p’rò comentário… Como fui tratar de um dente cariado até à coligação e ainda aproveitei o dia para levar uma “facada” na perna para extracção de um corpo estranho, porventura cheio de efeitos colaterais por duas anestesias, senti-me assim a modos que presidente de uma qualquer república, cheio de vontade de dizer coisas.
Vai daí, depois de me ter injectado com três doses de telejornais e alguns comentários avulsos de rádio, senti-me nas nuvens. Não há ganza pior… Só que não há poesia que aguente.
Ora, vamos lá ver, a bem da nossa sanidade mental, digam-me cá:
  1. A quem é que pode interessar saber HOJE se o Paulo se coliga ou não com o Pedro, ou vice-versa, para as próximas eleições?
  2. E para quê?

Não, não se precipitem… Utilizem lá as vossas sagradas ligações dos neurónios… Já está? Óptimo. Então, outra vez: o que é que interessa saber HOJE que A está coligado ou vai coligar-se ou talvez não, talvez até pelo contrário, ao B?Afinal, para que porra (e vão desculpar-me o vernáculo, mas não há paciência…) é que servem os partidos? As suas bases programáticas? Os seus ideais? A sua “praxis”? Mas que raio de democracia é esta em que forças políticas se arregimentam, reféns umas das outras por negociatas parlamentares, apenas para se guindarem ao poder, a qualquer preço? Que raio de democracia é esta em que, à partida, as forças políticas em presença nem querem considerar a perspectiva de irem fazendo, ao longo de cada legislatura, com ou sem maioria absoluta, com maior ou menor habilidade e/ou honestidade políticas, os acordos pontuais que o bom senso e, até, os pactos de regime aconselhem, face ao estado deplorável em que o país se encontra?E isto vale para todos, que essa cena de pedir, também à partida, a maioria absoluta já por conta da “estabilidade” futura, não augura nada de bom e já se deu, noutras alturas, para peditórios do género…(Ai, ai… lembrei-me agora de um dito, a propósito, ouvido numa célebre reunião associativa em que, às tantas, um cidadão já farto de tretas e divisões dos palestrantes, se saiu com esta: “- Eh, pá, se vocês não querem unir-se, nem associar-se, nem cooperar, nem nada, ao menos que se federem, que é prà malta poder ir p’ra casa!…”)