A propósito de um desafio, em desgarrada de conversa, que girava em torno da brutalidade a que assistimos no Iraque, aconteceu sair isto, que acabou por cumprir uma bem intencionada função, ainda que ténue… Fica aqui uma outra utilização das palavras e o tom – mesmo não o sendo – pode adivinhar-se em dó maior.

(Experimente-se cantar ao som do Fado da Azenha, de Frederico de Brito – “Naquela Azenha Velhinha”)

Sente-se esta dor tamanha

De saber o desperdício

De um chão embebido em sangue

E os mortos já são montanha

Pavor sem fim nem início

Gritos sem voz alma exangue

Guerra de medos e enganos

Em que somos envolvidos

Quer queiramos ou quer não

E nós ditos seres humanos

Alucinados perdidos

Matamos o nosso irmão

Somos joguetes do medo

Vemos a vida às avessas

Fantoches sem dignidade

Urge mudar este enredo

Talvez juntando outras peças

De que é feita a Humanidade

O pão traz-nos a alegria

E em cada dia a promessa

De viver p’ra mais saber

Prove-se então a harmonia

De ser cada dia essa

Uma razão para viver.

– Jorge Castro