(Ora, então, vamos lá falar das eleições nos States…)
Lá por onde me criei
Havia montes
Fraguedos
Ribanceiras e outros medos de que falar já nem sei
Mas havia lá também
Naquele alto nordestino
Algo que o olhar menino que eu já tive e mais terei
Acorda em mim
Recorrente
Eram muros
Pedregosos
Linhas bordando caminhos em fronteira de lameiros
Muros direitos
Certeiros
E outros tortos
Matreiros
Em desenho de bordados
Que as amoras dos silvados ponteavam de vermelho
Cada muro de pedrinhas era feito pedra a pedra
Fossem de xisto ou granito
Pedras afeiçoadas uma à outra se apertavam
Sem delas se ouvir um grito
Fosse aquele o seu destino ou dos homens que as erguiam
Pedra a pedra como um hino e que as maiores amparavam
E assim os muros cresciam
Nem eram altos nem fortes os muros desses caminhos
Mas vacas e bois imensos
Cavalos
Burros
E mulas de correr de encontro aos ventos
E sei lá que mais gigantes
Ou demais abencerragens dos meus medos de menino
Dentro dos muros ficavam
Entregues à sua sorte
A retouçar na forragem
E eu seguia o meu caminho.
– Jorge Castro
(… Mas isto não tem nada a ver com as eleições!… Tem graça, que também me pareceu…)