Bagão falou e disse… Infelizmente, não cumpriu a segunda parte da frase, como cantarolava a minha avozinha, e que seria, no caso, “pegou no chapéu e foi-se”.
Não, ele fica. Teremos, pois, mais “conversas em família”.
– Para nos dizer que temos de produzir mais (para cobrir, entre outras coisas, o fenomenal buraco que ele próprio nos legou na Segurança Social).
– Para nos dizer que as remunerações da função pública não podem subir muito (já que é imperativo adquirir constantemente constantes frotas de viaturas topo de gama para inconstantes ministros e respectivos satélites).
– Para nos dizer que é preciso “diferenciar” taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde – sabe-se lá se será mediante apresentação, prévia à consulta, da declaração do IRS do ano anterior ao médico de serviço – (enquanto tudo que é quadros superiores das “superiores” empresas da nossa terra têm seguros de saúde que nem sequer precisam de pagar, pois integram o pacote de benesses e prebendas a que o “direito divino” da santa cunha lhes outorga, sempre à custa dos baixos salários do povão, que o maná, contrariamente ao que alguns dizem e outros pensam, não cai do céu).
Farto, irmãos e vizinhos! Estou fartinho desta vilanagem sacrista!
Para quando alguém (no poder) anunciar uma – uminha, apenas! – medida estruturante ou estrutural ou um raio que os parta, que contrarie a mortandade na estrada, a burrice na escola, a mendicidade nas ruas, o analfabetismo no povo, a anti-economia nas grandes empresas, o fogo nas florestas, a miséria nos campos, o caos cívico nas cidades?
Já vos disse, certa vez, que trabalho numa empresa nacional (grande, grandessíssima…) que, só no sector em que me encontro, teve onze administradores nos últimos nove anos. Por mim, aguardo uma, uma só, pequena e redonda, medida de gestão que saída daquelas cabeças se mantenha no terreno mais do que seis mesitos… Consultorias, em três anos, já vão em cinco!
Somos os detentores dos maiores índices europeus de quase tudo o que é mau perante a passividade tosca, chungosa, paquidérmica e venal da mão-cheia de patos-bravos que presumem mandar no país… Presumem, não. Mandam mesmo, com a nossa complacência medrosa ou tacanha (ou ambas).
Oficialmente, portámo-nos como os maiores sabujos perante os interesses que Bush defende; de seguida, enviámos uma hipócrita força militar de “pacificação” – e seria interessante saber os seus custos, neste país tão carente… – para o inadmissível desarranjo internacional que a pandilha dos petróleos congeminou para o Iraque… Pelo caminho, um idiota sugere pôr aviões super-sónicos a sobrevoar os campos do Euro2004 (aqueles que foram pagos com os dinheiros que não temos), para prevenir eventuais acções “terroristas”!
Ah, caros irmãos e vizinhos, não fosse ser este um país de Grandes Poetas e só teríamos razões para cobrir a nossa cara com o pior excremento da vergonha!