Miguel Sousa Tavaresm disse-o, na despedida da mãe.
Neste poema eu vejo a Sophia, a Lurdes Pintassilgo, o Carlos Paredes… E, em todos, estas palavras se cumprem:
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta,
continuará o jardim, o céu e o mar,
e como hoje igualmente hão-de bailar
as quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
em que tantas vezes passei,
haverá longos poentes sobre o mar,
outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
será o mesmo jardim à minha porta
e os cabelos doirados da floresta,
como se eu não estivesse morta.
SOPHIA DE MELLO BREYNER,1919-2004 , Dia do Mar, 1ª edição, 1947 (?)