Obra com uma mãe – Ana Paula Guimarães – e dois pais assumidos – João L. Barbosa e Luís Cancela da Fonseca. Parteiro: Edições Colibri.
Para todos aqueles que, na arte de juntar palavras, sentem curiosidade em saber de onde vimos para melhor apuro dos caminhos a trilhar, recomendo vivamente este livro sobre natureza e ambiente na tradição popular portuguesa.
Respigo, para aguçar interesses, logo da página 13, onde se descreve a terra, primeiro enquanto solo arável:
Eu sou devedor à terra
A Terra me está devendo
A terra me paga em vida
E eu pago à terra em morrendo.
Ou
O meu coração é terra
Hei-de mandá-lo cavar
Para semear saudades
Que tenho de te falar.
Depois, a terra enquanto planeta vivo:
No princípio do mundo, quando o homem cavava a terra, esta abria bocas e gritava. O homem queixou-se ao Senhor, e o Senhor disse à terra: “Cala-te, que tudo criarás e tudo comerás”.