Com as vénias todas, dou a palavra a quem fala de Poesia com os atributos todos no sítio:
Sobre JOAQUIM PESSOA, Poeta português, nascido “no Barreiro em 22 de Fevereiro de 1948, escreveu David Mourão-Ferreira:
“(…) Quando se fala de respiração, aplicando-se esta palavra ao domínio poético, inevitavelmente nos ocorrem os casos de uns tantos poetas de hoje que parecem nunca ter sabido para que servem os pulmões; e de tal modo que chegamos a duvidar se alguma vez os terão tido ou se pelo menos os terão utilizado. É nos antípodas de todos esses que se vem erguendo a voz de Joaquim Pessoa.
Inútil acrescentar que respiração poética se faz também ao invés da respiração biológica: seja oxigénio ou anidrido carbónico o que se inspira, é sempre oxigénio o que se restitui. E aí também há duas diferentes famílias de poetas: a dos que só buscam certo oxigénio para a inspiração, a dos que não recuam tão-pouco diante do anidrido que é necessário absorver.
A esta última pertence Joaquim Pessoa: não são apenas os temas já poeticamente oxigenados ou de antemão oxigenadamente poéticos os que por força o seduzem, mas igualmente os que vêm poluídos por todo o anidrido carbónico das injustiças sociais, das convenções e dos interditos, dos mil e um rótulos do parece mal. Mas é em oxigénio, e do mais puro, que ele depois os transforma.
Finalmente, quando em termos poéticos se fala de respiração, também a isto se associa a ideia do ritmo que fatalmente lhe anda implícita. E, eis que tal ritmo se apresenta renovadoramente ampliado, mercê do emprego muito mais sistemático do verso livre — como forma de naturalíssimo equilíbrio entre o poema tradicional e o poema em prosa que até agora constituíram os modos mais reiterados da respiração poética de Joaquim Pessoa”.
Estas citações, extraímo-las de Joaquim PESSOA – 125 Poemas: Antologia Poética