A minha jovem madrinha de blog, a Thita, a propósito de um lamento meu, aflige-se com a perspectiva do mundo poder estar a mudar talvez para pior…

Não sei, Thita. Não quero acreditar nisso. Lá que o mundo está em mudança, é verdade. Mas sempre esteve e sempre estará. O ‘melhor’ e o ‘pior’ somos nós que o fazemos.

Cada dia é nosso. É de cada um de nós. Mas é sempre nosso. O dia fica ‘pior’ quando permitimos que os outros tomem conta dele. A nossa vida não pertence a ninguém, a não ser a cada um de nós. Pode até ser-nos retirada, ser espartilhada, ser enxovalhada. Mas, ainda assim, não deixa de nos pertencer. E, na hora da partilha, também aí deve ser nossa a escolha.

A cada um compete procurar a sua justa medida das coisas. E nunca desistir dessa busca. Um dia mais, talvez. Talvez menos, noutro dia. Mas aproveitar sempre o dia que temos e em que estamos.

Para quê? Ora, se calhar só para sermos dignos da vida. Dar, em cada dia, um passo no sentido da utopia… Porque ela existe, Thita! Há quem passe a vida a escondê-la. A fome, a miséria, a exclusão, escondem-na, também. Mas ela existe, se calhar bem perto de nós, “como bola colorida entre as mãos de uma criança”.

E eu julgo que tu sabes procurá-la. Nunca te esqueças.