Continuando apenas por um momento mais o tema da “retenção na fonte” dos pagamentos devidos à Segurança Social: o que parece pacífico para todos, neste Portugal anestesiado, é o simples facto de toda a gente se referir a trabalhadores do Estado, com vínculos contratuais precários, mas que a própria ministra Cardona (e o nosso Primeiro, também…) considera imprescindíveis para o funcionamento do aparelho…

Como é que trabalhadores imprescindíveis têm vínculos precários? E como pode um representante (eleito) do Estado admitir, sequer, no Ministério a que preside, que poderia haver a hipótese daquela gente – conceito extensível a 600 famílias, no dizer da senhora ministra – não receber o pagamento pelo seu trabalho, se não tivesse havido o recurso a este expediente “apatifado”?

Que o merceeiro aqui da esquina defenda estes conceitos, a seguir a um arroto, no meio de um copo de três e uma bifana, entende-se. Mal, mas entende-se. Que um pseudo-gestor recém-formado e apadrinhado por lobby poderoso possa permitir-se sugerir este estratagema manhoso, entre duas pedras de gelo que lhe arrefecem o whisky, já se dá por normal… Agora, que um ministro de um Estado de direito nos venha com a mesma treta é que é… uma incomensurável treta!

Estranha esta atitude da mulher de César que ostensivamente, cá pelo burgo, já se passeia pelos “trottoirs” de ínvias ruas…