Hoje, a OrCa foi às compras. Época pós-natalícia, saldos, promoções e mais essa treta toda.

Garantiram à OrCa que, apesar das barbatanas, ela podia conduzir uma viatura de quatro rodas, com mudanças automáticas e tudo, daquelas que nem precisam de braços nem pés para nada. E a OrCa, até para combater a depressão, tanto a própria como a lusitana, adquiriu.

A OrCa, sendo de boas contas (até incontestável prova em contrário) pagou o que havia a pagar. Já com a chavita em sua posse, possidente de belíssima viatura adquirida num dos concessionários mais pintarolas de uma das mais pintarolas marcas de popós, a OrCa não pôde sair com a viatura nova, modesta mas prazenteira, porque a esta faltava… gasolina!

Vozinhas indiscretas sussurraram à OrCa que já o anterior cliente só tinha conseguido chegar à primeira rotunda a seguir ao stand, distante deste quase 150 metros, onde se imobilizou, relutante e incrédulo!

Alto constrangimento. Aflições mais que muitas. Então e agora, a gasolina?

E a OrCa aguardou, com calma e bocejo, que o ÚNICO funcionário da imensíssima oficina da tal marca pintarolas, inventasse disponibilidade para inventar 5 (cinco) litros, cinco, do precioso líquido, de tal forma que a OrCa não fenecesse no stand por desidratação e convulsões nos neurónios, entretanto amolecidos!…

Esta singela operação levou cerca de 1 hora e 30 minutos a concretizar, com o desespero patente de todos os circunstantes… A vendedora pagou, contra factura, 5 euros pela gasolina… deixe estar, não se incomode, por amor de Deus, não-não quem paga sou eu, ess’agora!….

Comentários? Cá vão: estão a ver, oh seus economistas da trampa e outros proto-ikuminados congéneres? Estão a ver o resultado da tanta pelintrice que avassala o “mercado do trabalho”? Um ÚNICO funcionário, por estar só e abandonado, rodopiando como louco entre preparação de viaturas para entrega e outras “pequenas” minudências do dia-a-dia de uma oficina de uma marca pintarolas é o bastante para deitar abaixo uns larguíssimos milhões de euros em campanhas de promoção da marca pintarolas. Ainda para mais, levou uma rabecada das antigas da hierarquia, por incúria manifesta!

Os cinco ou seis vendedores e administrativos que assistiram, impávidos (ou, talvez, discretamente inquietos) nos seus impecáveis fatos cinzentos, à cena, estão ali que não me deixam mentir…

(Ainda a propósito: a margem de comercialização de uma viatura nova de cerca de 15.000 euros não dará para fornecer 5 euros de gasolina, como graciosa oferta das marcas pintarolas, para que o comprador não tenha de transportar para sua casa a viatura puxada por algum burro? Valha-me Santo Eucarário, diria a minha avozinha…)