by OrCa | Ago 28, 2013 | Sem categoria |
Com Ana Patacho e de algum modo como início da nova «temporada», aqui deixo uma sugestão, com chá, amizade e poemas, pelo menos para aqueles de entre vós que se encontrem nas proximidades de Oeiras ou de Carcavelos.
Quinta-feira, dia 29 de Agosto, no Bule, pelas 22h00 iremos fazer Viajar as Palavras. Aceitam a boleia?
Passaremos por José Afonso, Vasco Graça Moura, Luís de Camões, Carlos Drummond de Andrade, António Lobo Antunes, Mário Henrique Leiria, Ary dos Santos, António Gedeão… uma viagem com etapas bem apelativas, como se pode ver.
by OrCa | Jul 6, 2013 | Sem categoria |
Então,
vamos lá a contas. Contas de nós tão mal prontas que nos sufocam a voz…
Mas
tu, aí, que me contas? Eu que venho desse tempo em que se pagava em contos as
contas que alguém fazia. E não era nada bom mas o que de mau havia tinha rosto,
cara à vela, e nem usava à lapela bandeiras de fantasia… ou de lata que, também,
se bem virmos, vendo bem, há gente desta que avonde e vem nem se sabe de onde,
a caminho de Belém.
Hoje,
paga-se em histórias, dá-se de troco umas lérias quando há demais demasia. Será
isto Literatura de braço dado à Matemática, alto voo de cultura? Ou laparoto na
lura, cheio de manha e de astúcia, contrariando a urdidura?
Lá
vão dando ao BPN, ao BCP, ao BANIF, a um patife que lhes dê a palha e o bom
sustento. Dão às PPP, ao vento, dão tanto que nem aguento contar contas de
rosário quando tanto salafrário vive à custa de salário com o qual mal me
governo pois vai todo para o governo, sem haver qualquer retorno nesta vida
feita inferno.
O
mandante a tempo inteiro, papagaio garganeiro, vai de ministro a banqueiro e de
banqueiro a ministro, sempre num jogo sinistro, sempre em dourado poleiro e,
perdoem-me se insisto, à custa do meu provento – que digo eu? – do nosso, que
estou pr’àqui que nem posso, de bolsos cheios de vento.
Já
viste? Fizeste as contas? Soma lá esses milhões e, sem mais ideias tontas,
apura o quanto a ganância desses tais senhores do mundo te afasta, aos
tropeções, p’ra tão longe da abundância, a este abismo sem fundo.
Conto-vos
contos de encanto, em cantochão, desencanto de ouvirmos tanto poltrão em
matraqueio de socos. E debaixo do colchão voltei a guardar uns trocos, poucochinhos,
só uns poucos, uns centavos taralhoucos, para dias de aflição, pois eu, com tais
saltimbancos, já nem confio nos bancos, em perpétuos solavancos, sem saber para
onde vão.
Em
redor lá cresce a fome, adição vil e sem nome, que subtrai o viver. E a divisão
que fazem multiplica esta maleita da vida feita a morrer.
Ocorre-me
aqui a outra, a caridosa esmoler, a dar quanto se quiser ao pedinte e à
desgraça. Mas, antes, a encher bem a carteira desse alguém que é o dono da
praça… E quem precisa lá come o pão que o Diabo amassa, pois tem a fome dos
filhos numa urgência que não passa.
E
só nos faltará ouvir que tanta gente a pedir por uma côdea de pão assim é
porque Deus quer mas, que o diga quem souber, sempre a bem da nação.
Aos
dias somam imposto, taxa, coima sem ter rosto, espécie de fogo posto sem nos
dar margem de fuga, sequer de respiração. E o portuga lá vai, cordeiro, manso,
tal cão a dar ao rabo ao serão, sem um ai e sem tostão; um ai de nós ou de
peito, de tanto estarmos a jeito deste fado violento:
Ai,
meu Deus, que não me aguento!
Ai,
patrão, e o meu sustento?
Ai,
ó mãe, quem nos acode?
Talvez
voltar a ser cão mas aquele que bem sacode, que coça, morde e escorraça a pulga
como a carraça, à dentada e à unhada, a ver se a coceira passa.
O
avô ao filho dá e o filho dá ao neto e, se hoje há, amanhã já vivem todos sem
tecto. E tantas necessidades, vos digo em pobre rima, porque uns quantos se amanham, quanto mais
alto se apanham, muito além e muito acima das nossas possibilidades.
Então,
vamos lá a contas…?
Diz-me
lá tu que remontas a passados de eleição, dos Lusíadas de antanho, com quantos
cantos faremos, hoje em dia, o nosso amanho?
Ou
será que já só contas, que só és de corpo inteiro, quando, fugindo de afrontas,
das maleitas destas seitas, és português no estrangeiro?
Enfim,
eu cá te conto, por fim, não ser dado a equações que não passem de travões à
vida que é tão nossa. Assim sendo, aqui declaro que não é nosso este fado nem a
letra é confiável. Porque ele há um mar arável e uma terra ondulada onde o
porvir é fecundo e neles – vê lá bem, por todo o lado – há uma rede, um arado,
que deram mundos ao mundo.
Do
desgoverno aos vilões, tal como nos diz Junqueiro, em preceito que se aplica à
cáfila de aldrabões que assola o mundo inteiro
, à «
truculenta manada obesa de hipopótamos, ó
Humanidade, enxota-mos!».
Está
em ti, em mim, em nós darmos a volta outra vez criando outro mundo novo, onde a
História de alguns é coisa de pouca monta e bem vista pouco conta.
Mas
vale a História do povo.
E
nela, somados todos, abriremos a janela para entrar o Sol a rodos!
E
conclui-se a equação mesmo que a solução contra esta praga daninha, muito mais do que a galinha, para criar homem
novo esteja ainda no ovo…
by OrCa | Jul 5, 2013 | Sem categoria |
… nas instalações da Biblioteca Municipal de Coruche, ali onde se situava o antigo mercado, mesmo juntinho ao Sorraia, pelas 21h30, os poetas de Um Poema na Vila, homenagearão os amigos.
Como prato forte contarão com o Oeiras Verde – onde, ocasionalmente, também participo – que nos convida a fazer, entre outras desvairadas coisas, um passeio por diversas canções do José Afonso, com preponderância pelo tema desta sessão: Amigo, maior que o pensamento.
by OrCa | Jun 29, 2013 | Sem categoria |
Apresentando como mote Santo António está pasmado/Milagre já paga imposto, os Amigos de Lisboa promoveram um concurso de quadras alusivas, onde obtive uma Menção Honrosa com o seguinte desenvolvimento:
Santo António está pasmado:
Milagre já paga imposto
E o povo está calado…
Mas se ficar mal disposto?
– Figuras típicas das cascatas de S. João,
em imagem recolhida na casa de artesanato Memórias, na Rua das Flores, no Porto,
que podem acompanhar perfeitamente a quadra acima,
em saudável comunhão norte-sul
by OrCa | Abr 25, 2013 | Sem categoria |
estar em Abril é assim…
estar em Abril é assim
uma vontade de ser
de criar e de crescer
num tempo que é de outro modo
o tempo de criar pão
e saber ser mundo todo
sempre ao alcance da mão
estar em Abril é assim
um olhar de frente a vida
por mais que alguém o desdiga
e um desdenhar da sorte
quando se dá a passada
naquela dura jornada
em que a vida perde o norte
estar em Abril acontece
quando dentro de alguém cresce
um grito cru de esperança
e na espuma do medo
num velho muro se escreve
um poema – um cravo breve
verde e rubro de mudança
estar em Abril é bandeira
que se hasteia numa praça
quando vem lá outro alguém
que é alguém de outra maneira
e na orla da desgraça
canta contigo também
canções no vento que passa
estar em Abril é assim
sentir-te perto de mim
quando a mágoa nos afasta.
– Jorge Castro
25 de Abril de 2013
A Poesia Está Na Rua – Vieira da Silva