by OrCa | Jan 7, 2015 | Sem categoria |
Depois de tantas e tão ilustres
perorações sobre a infame ocorrência pela qual, ontem, em Paris, foram
assassinados quatro acérrimos defensores da liberdade de expressão e do livre
arbítrio – aqui entendido no seu mais assumido significado de vida em prol da
comunidade –, assassinados eles a par de vários outros seres humanos cuja única
e funesta circunstância terá sido o de se encontrarem naquele local e naquela
hora hedionda, pouco mais há a dizer que perturbe um silêncio reflexivo.
Mas uma coisa me parece clara por
entre a espessa neblina dos interesses e hipocrisias instalados: qualquer ser
humano (?) que manifeste, por pensamentos e actos, o seu tão flagrante desprezo
pela vida humana alheia, apenas pode e deve esperar dos demais um pagamento na
mesma moeda.
Entretanto, não é despiciendo que
a Humanidade no seu todo, se me for perdoada a redundante tautologia, colha
mais esta sangrenta lição que aponta para a urgência de progressiva e
incessante diminuição das assimetrias que, no mundo todo, geram os pântanos
insalubres onde medram tão abjectas criaturas como aquelas que ontem, em
Paris, dispararam infamemente contra homens desarmados, cujo único senão era o
de pensarem de modo diferente.
Vítimas estas, sim, gente como eu
e tu, que acreditam que a redenção do ser humano se encontra nele próprio, na
sua conjugação com os demais.
by OrCa | Dez 15, 2014 | Sem categoria |
Tive conhecimento deste artigo, da autoria de Miguel Esteves Cardoso, cujo conteúdo tem sido o cerne de muita e brava discussão sobre esta mania «institucionalizada» de que as actividades do foro cultural devem ou podem ser gratuitas, ou melhor, à borla.
Dinheiro para o foguetório há sempre. Para a cultura… enfim, é ler o artigo abaixo, que, também com a devida vénia, subscrevo integralmente:
Todos os dias chegam convites para borlas. Para escrever à borla. Para falar à borla. Para ser filmado à borla. Para ser gravado à borla. Não há dinheiro, dizem. Já se sabe como é, explicam. É só por isso que pedem borlas. Se pudessem, adiantam, pagariam o que eles acham que nós merecemos: é muito.
As pessoas que pedem borlas não trabalham à borla. Recebem dinheiro, têm ordenados, arriscam lucros. Custa-lhes muito pedir que trabalhemos de borla — porque eles não.
Há quem trabalhe de borla num projecto pelo qual está apaixonado e espera que nós, apesar de os projectos não serem nossos e de nós não estarmos apaixonados por eles, trabalhemos de borla — na esperança de que também nos apaixonemos por ela. Pois sim.
Até há quem acredite que nos está a fazer um favor, achando que a borla que nos pede é uma maneira de participarmos: uma oportunidade de melhorarmos a (má) “imagem pública” que temos.
Os piores são os excepcionais. Mandam mails a dizer que sabem que detestamos borlas mas que o convite deles é diferente, por ser tão fascinante. E depois pedem uma borla como todos os borlistas desde que a ideia de o trabalho ser pago foi inventada.
Será que a palavra convidar perdeu os sentidos? Convidar é o contrário de pedir trabalho. Convidar é aliciar para o ócio e para o prazer. Se o convite envolve despesas (ir a um restaurante) é quem convida quem paga. Agora já é o convidado.
Os borlistas são piores do que bullies: são os novos esclavagistas.
by OrCa | Nov 14, 2014 | Sem categoria |
Hoje, por elementar direito à preguiça, não publico nada no
Sete Mares. Mas remeto quem tiver paciência para tanto para a leitura do meu artigo com este mesmo título no blog
PersuAcção, no qual colaboro… com o maior gosto, diga-se. Basta «clicar» no nome…
by OrCa | Nov 9, 2014 | Sem categoria |
Ver
AQUI
É ajuizar, senhores, a ver o que cá se lavra, como dizia a canção…
by OrCa | Nov 5, 2014 | Sem categoria |
E, ainda: «
Foi-nos dito que não podíamos falar português com os miúdos e que eles também não podiam falar português entre eles, é uma regra da casa”, diz uma funcionária portuguesa de um estabelecimento público em Esch-sur-Alzette. (ver artigo completo
aqui).
Segundo esta notícia, a circunstância decorre do facto de, no Luxemburgo, se admitir apenas o diálogo em seres viventes e pensantes em francês, alemão ou luxemburguês.
Eu sei que a soberania dos países é uma coisa muito bonita. Eu também sei que uma comunidade como a portuguesa num país imenso como é o Luxemburgo é uma coisa-pouca e que ninguém convidou os lusitanos a emigrarem para lá, mas quem manda lá para aquelas bandas não considerará esta medida assim a modos que fascistóide?
Que diabos, ainda por cima é só a quinta língua mais falada no mundo, o que devia até alegrá-los pelo cosmopolitismo qualificado.
Podemos imaginar-nos a proibir, por exemplo, falar crioulo aos nossos residentes cabo-verdianos (já tantos deles até com nacionalidade portuguesa, como porventura ocorrerá, mutatis mutandis, aos nossos emigrantes no Luxemburgo)?
Ou, mesmo, exigir a um luxemburguês em gozo de férias no território português que fale a nossa língua sob pena de o deixarmos morrer à fome e dormindo na rua…?
Se a exigência se reflectisse no imperativo de falar com um luxemburguês na língua do Luxemburgo, ainda se perceberia. Mas as crianças entre si… Em boa verdade se verifica: a estupidez campeia!
E, nos corredores do (nosso) poder, ninguém vem a terreiro pronunciar-se sobre estes direitos?