– aos homens da História e, neles, aos Arqueólogos, na sua perene demanda de, pelas coisas, nos desvendarem os porquês de sermos quem somos
uma pedra é o bastante num caminho
p’ra nos dar breve visão do que já fomos
uma pedra muito mais do que supomos
um saber nela talhado em torvelinho
e sabê-la ara sagrada onde algum vinho
ou o sangue derramado que propomos
a alguma divindade que não somos
nos liberte de algum medo do vizinho
uma pedra coisa pouca mas ingente
uma pedra que rebrilha no escuro
do passado que se faz no olhar presente
uma pedra que tiramos de algum muro
quando ousamos para ele olhar de frente
entrevendo nesse olhar outro futuro.
– soneto de Jorge Castro