varado num chão de lodo
anseio por ser gaivota
cruzando os ventos na rota
de saber do mundo todo
preso ao chão por meu arrais
ancorado na esperança
das marés espero a dança
de me varar noutros cais
se vogo em mares de procela
painho corvo fragata
são o voar que desata
os sonhos na minha vela
erguida ao céu sua fronte
que tensa impele a que ame
no gemido do cordame
lonjuras do horizonte
repouso na vaza fria
tenho a meu lado tais asas
a poisar em marés vazas
no sustento do seu dia
vão nas marés minhas mágoas
na minha inveja de vê-las
sem as ter sem percebê-las
balanço ao sabor das águas
– fotografia e poema de Jorge Castro