No passado dia 18 de Maio decorreu, no castelo de São Jorge, em Lisboa,  e pela iniciativa empenhada de Ernesto Matos, mentor e impulsionador do projecto, para além do responsável pelo seu apelativo design, o lançamento do livro Al Andalus – 33 Moaxahas a Lisboa, com o apoio e patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa e da Embaixada de Marrocos. 

Com a participação de trinta e três autores, pretendeu-se que cada um oferecesse uma visão sobre Lisboa, recorrendo a um tipo de poema que constituiu uma inovação em relação à Poesia Árabe que se praticava até ao século IX.

Conforme refere Myriam Jubilot de Carvalho, que assegurou o apoio literário ao projecto, essa inovação revestia-se de vários aspectos:
– construção estrófica (5 a 7 quintilhas, precedidas por uma «entrada» e terminando cada uma delas por um refrão);
 – variação da rima de estrofe para estrofe;
– o poema devia terminar por uma «finda» – em árabe, jarcha – uma estrofe final desgarrada do corpo do poema e que era uma estrofe colhida da poesia tradicional da população ibero-romana.
Este último aspecto testemunha, indelevelmente, a coexistência das diferentes culturas que na Idade Média coabitavam na Península Ibérica, como também salienta a professora Myriam Jubilot de Carvalho.
Do mesmo modo, Karima Benyaich, Embaixadora do Reino de Marrocos em Lisboa, nos diz que «a poesia ocupa um lugar particular no legado cultural e civilizacional luso-árabe… A presente compilação de poemas inscreve-se, por sorte, nesta longa tradição mantida e enriquecida ao longo dos séculos… e são um justo regresso das coisas, um marco suplementar no diálogo poético entre as nossas duas margens». 
A «reconstituição» proposta a quem se afoitou a corresponder ao desafio resumia-se a uma entrada, seguida de duas quintilhas, encerradas pelo refrão.
No meu caso, optei por recorrer ao Mirandês como segunda língua a utilizar no fecho da minha moahaxa e aqui fica, para vossa apreciação:

Imagem da Sala Ogival do Castelo de São Jorge, onde teve lugar o lançamento

– Ernesto Matos
– Myriam Jubilot de Carvalho

 – eu
Nesta iniciativa tive, ainda, o prazer de ser acompanhado por dois companheiros das Noites com Poemas: 
-Eduardo Martins

– João Baptista Coelho
– fotografias de Lourdes Calmeiro