outros poemas de menagem
na Junta de Freguesia Carcavelos-Parede
Isabel Martinho, presidente da Assembleia de Freguesia, abriu a sessão…
Pelo caminho, lá foi desafiando uns e outros para trazerem ao encontro o som de outras vozes, de outros enlaces, para que a diversidade funcione como elemento enriquecedor do convívio…
Como referi, então, estes Outros Poemas de Menagem estão, como se vê, repletos de gente, por dentro e por fora. Pessoas todas elas e nenhuma descartável, com quem tive ensejo, nalgum momento da minha vida, de me cruzar e que, por essa elementar ocorrência, moldaram as condições para que, também, eu fosse assim como sou.
Dir-me-ão que este é quase um lugar-comum. Será. Mas é a minha verdade.
Pessoas à maior parte das quais me ligam mais estáveis ou fugazes relações de amizade. E, por isso, eu tenho para mim que este livro é subversivo. Subversivo pelo que ele testemunha sobre este elementar e algo esquecido facto de que o homem é um animal social e que é na conjugação com os seus pares que ele cresce, melhora e se transcende.
Relembrando Manuel António Pina, assumamos, então, que «a amizade é talvez a forma mais radical de resistência».
Um Carcavelos de honra, que caiu às mil maravilhas no goto de todos… Havendo ainda muitos para quem esta foi uma estreia no apaladar deste néctar.
Sei, entretanto, que é nestes caminhos da arte do encontro, de que Vinícius falava, onde mais facilmente deparo com as estradas que quero percorrer. Nos bons, nos menos bons e nos maus momentos, um amigo, a sua palavra ou a mera companhia podem gravar-nos, sem darmos sequer por isso, uma marca indelével que nos acompanhará pela vida fora.
– nascido em 2008, e percorre os mesmos caminhos de afectos, embora com
outros enlaces, com outras caras e, daí, com amizades diversas, pois em
cinco anos de andanças muita e desvairada coisa nos pode acontecer.
nas pessoas dos elementos que a integram, terei a acompanhar-me a minha madrinha de escrevinhações e amiga de sempre sem itálicos, Ana Paula Guimarães. Terei também o grupo de jograis Oeiras Verde e o trio de gipsy jazz, La Farse Manouche, para todos partilharmos alguns bons momentos.
diversificadas, diversas, provenientes das quatro partidas da vida, que
sempre percorremos melhor quando acompanhados. A essas amizades é este
livro dedicado.
hoje, pós-eleições e de feriado roubado, acordei assim: caceteiro!
E viva a República!
Nada de muito especial ou novo. Atente-se:
– José Luís Vaz, autarca Sátão, que, por não ser Camões, pode abrir sem poesia os dois olhos para a vida e, principalmente, para a vidinha, atingido que foi o seu limite de mandatos, manda a mulher concorrer; o povo vota nele através dela; ela ganha e abdica em favor dele e o Luís Vaz que não é Camões, enquanto vice da mulher, assume de novo a presidência da autarquia. Elementar, meu caro Luís Vaz.
Não é ilegal? Não foi aqui contornada a lei com uma chiquelina indecente? Não é um expediente indigno, até pelo papel da mulher neste processo?
Se o povo de Sátão tivesse ainda a consciência, mesmo vaga, do que é um pingo da mais elementar dignidade ou decência teria zurzido o energúmeno espertalhóide por elementar falta de respeito ao povo e pespegado com ele e mai-la mulhezinha, cúmplice da palhaçada, no pelourinho da terra, exposto o seu opróbio à tomatada da populaça e tudo haveria de acabar em bem e num ambiente bem menos poluído para os lados de Sátão.
Mas não. Estão todos bem com as respectivas consciências, desde o voto à aceitação do caso e como burro velho não toma andadura, dificilmente se imaginará que alguma coisa boa nos venha de Sátão, pelas gerações mais próximas. Que isto pega-se, de pais para filhos…
Não será despiciendo apurar que este Luís, noutras carnaduras, foi professor. Pode imaginar-se o extraordinário magistério exercido durante o cargo e a passagem de testemunho de tão elevado exemplo de pendor cívico.
– Já no concelho de Portugal com mais licenciados e outras coisas ainda mais tremendas, Oeiras, um ex-presidente de Câmara, Isaltino Morais, a quem se pode admitir obra feita mas que só não se alcandora à postura de Marquês de Pombal do século XXI por vivermos em mal-amanhada república, actualmente condenado e preso por fraude fiscal ou lá pelo que muito bem seja, mas ainda assim condenado pelos Tribunais portugueses, ganha as eleições por Vistas entrepostas e recebe, ainda que da lonjura da sua cela prisional, uma manifestação de regozijo do povão, mal concluída que foi a contagem de votos.
Ora, as manifestações «espontâneas», sendo ilegais, não costumam ser objecto de cacetada policial? Lembram-se da recente marcha sobre a Ponte 25 de Abril? Vejam bem o que agora se perdeu…! Manifestação de apoio e regozijo a um preso condenado? Porquê? Deveria ter continuado a fazer aquilo que o fez condenar? E por alma de quem? A bem da nação? Ou da carteira dele e dos amigos? A alegada «obra feita» pode justificar o crime?
O povo não tem, necessariamente, pudor, já se sabe, até por ser entidade sem partes pudendas específicas ou explícitas. Mas supõe-se, geralmente, que tem decência e a sua ética enquanto entidade colectiva é o paradigma comportamental do indivíduo.
Aqui, não. Pelos vistos e pelas vistas. De onde se concluirá, no contexto, qual a transcendência da paisagem.
– Também apurei que os três partidos mais votados contabilizaram menos 800.000 votos do que nas anteriores eleições e que a abstenção se situou nos 47% dos votantes, ou seja, em números arredondados, cerca de metade da população de Portugal considera que votar é perda de tempo e, portanto, a alternativa é tratar da vidinha ou ficar a coçar os atributos ou a falta deles no sofá da sala.
Imagino-me, por este caminho, a assistir, em eleições autárquicas daqui a uns vinte anitos, a resultados do tipo:
« – Na freguesia de Alpendurada da Coxa o partido X obteve uma retumbante vitória de 100% nas eleições, como claro e indesmentível indício do apoio esmagador do eleitorado, reflexo da obra transcendente levada a cabo na moradia de residência do actual e já anterior presidente, que tanto enriquece o património da freguesia… O partido X contou com dois votos: o do único residente que se dignou ser levado às urnas, transportado pelo carro dos bombeiros do lar onde se encontrava internado, por sinal o progenitor do presidente da Junta, e o do próprio presidente em funções e candidato, que no-lo confidenciou com um sorriso maroto mas esclarecido… A própria Coxa que deu o nome à freguesia encontra-se com residência incerta no estrangeiro, pelo que não terá votado, e o marido, dono do restaurante O Cantinho Central da Coxa, conforme nos confidenciou, por desgosto ocasionado pelo abandono da extremada esposa, do qual, aliás, responsabiliza o governo em funções e os três anteriores, nunca mais exerceu o seu direito de votar, em sinal muito íntimo e respeitável de protesto democrático».
Entretanto e até que melhores dias venham, que havemos de fazer senão dar vivas à República!?
Nem que seja só para chatear!