Ele fuma, o que é normal. Ele promove lei que proibe o fumo urbi et orbi. Ele e a comitiva governamental prevaricam, fumando longa e alegremente, num voo para a Venezuela. Ele é denunciado. Ele confessa. Ele alega desconhecimento da lei. Ele pede desculpas… não fica claro a quem, mas pode presumir-se que seja a si mesmo. Ele diz que isso não volta a acontecer porque, a partir de hoje, ele decidiu que não voltaria a fumar.
O José Sócrates é um ponto!
Aqui há dias, eu fui multado – e paguei no acto – € 250 (duzentos e cinquenta euros) por me ter esquecido – numa viatura com quatro anos de idade – de levar o popó à inspecção periódica. O meu atraso, segundo a lei, era, à data da ocorrência, de mês e meio. Sublinho tratar-se de uma viatura com quatro anitos e a actual legislação, que me colocou como prevaricador, ter sido alterada recentemente.
Nada demoveu – e muito bem! – o zeloso servidor da ordem pública que me autuou, mesmo esgrimindo as revisões em oficina da marca e agente autorizado, tão só porque dura lex, sed lex.
Como o José Sócrates é um ponto e, em latinismos, mais dado ao simplex, a questão que eu gostaria de lhe colocar – e se alguém o conhecer pessoalmente poderá fazer o favor de lhe levar esta minha questão, que eu ficarei muito grato – é a seguinte:
– se eu pedir desculpas a quem ele quiser fazer o obséquio de me indicar, os € 250 (duzentos e cinquenta euros) da multa paga ser-me-ão devolvidos?
É que, se não me engano muito, a confissão pública de uma ilegalidade implica a assunção, por parte dos agentes da ordem, das responsabilidades inerentes. Ou não?
É que se o pedir desculpas basta, tenho muita pena, mas, até por elementar direito constitucional, eu também quero!
Claro que não é disto que se trata, mas sim da necessidade imperiosa de o Primeiro Ministro de Portugal dever saber dar o exemplo, cumprindo (e não apenas fazendo cumprir) as leis que, quando nascem, era bom, estimável e profilático que fossem para todos.